

Cabe aqui apresentar outro conceito dessa vez criado por mim mesmo: o conceito de “metáforas justificadoras”. Diante de um filme “pop”, “pipoca”, “sem cérebro”, “sem sentido”, “sem explicação”, “sobre o nada”, os críticos cinematográficos adoram usar a tática das metáforas justificadoras para explicar o porquê de terem simpatizado com a produção. Funciona assim: tudo na verdade é uma grande metáfora de alguma coisa. Exemplo: Por se passar dentro de um Shopping, Madrugada dos Mortos usa a história de zumbis para fazer uma metáfora sobre o consumo desenfreado da sociedade capitalista. Pronto. Agora não vai ser feio você dizer numa mesa de bar ou no jornal que adorou Madrugada dos Mortos. Aliás, críticos de cinema adoram encontrar metáforas em tudo.
Tarantino é comumente apontado como sendo um cineasta que utiliza uma estética pop para apresentar uma metáfora sobre a nossa cultura, tradições e vida moderna. Não senhores, Tarantino não faz metáfora de porra nenhuma. Tarantino não é antropólogo. Suas histórias são banais, seus diálogos são vazios e seus filmes são sobre nada. O nada, o vazio e a banalidade não são metáforas sobre a superficialidade (ou qualquer outra coisa). Eles simplesmente são. O nada não necessariamente é uma metáfora sobre o nada. Ele pode simplesmente ser o nada.

Toda pessoa para ser digna de ser uma pessoa deve necessariamente odiar sem motivos racionais e ter preconceitos sem fundamentação. Eu, por exemplo, odeio Recife, odeio estudantes de estilismo, odeio secundaristas, odeio acordar antes das 8 e odeio pessoas felizes em demasia. Tenho um preconceito inexplicável por pesquisadores/artistas que se vestem de forma estranha, por instalações artísticas, coletivos artísticos e jovens cineastas cearenses. No caso do Tarantino tenho um punhado de razões para odiá-lo. O problema é que tenho uma quantidade igualmente significativa de motivos para amá-lo. Será que sou um Homer Simpson Nerd enrustido??