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Garota prodígio ou a chatinha do morumbi?

Crianças prodígios são inevitavelmente chatas. Quase sempre agem como adultos em corpos miúdos e geralmente ganham esse título quando conseguem formular uma frase como se fossem homens ou mulheres maduros com seus 50 anos. Lembro-me das entrevistas com Haley Joel Osment quando em seu auge de popularidade e de produção artística. Suas respostas assustavam. Não era uma criança de 11 anos. Não podia ser uma criança de 11 anos. Parecia ter um tédio precoce e um pensamento comum aos atores de gerações bem mais antigas. Crianças prodígios enjoam. Mallu Magalhães enjoa. Tive essa certeza depois da entrevista concedida pela garota (?) ao Jô Soares em seu programa de entrevistas (?).

Conheci Mallu antes do hype. Falo isso não com uma arrogância indie do tipo “eu conheci antes da modinha”. Falo isso porque foi exatamente assim que aconteceu. Devo ter sido o membro número 150 da comunidade da cantora no Orkut e a pessoa responsável por espalhar a obra dela de forma viral para uns 10 amigos. Entrei em um tópico de uma comunidade orkutiana que não me recordo qual, acessei uma informação sobre um show do Vanguart, li um comentário sobre uma tal Mallu que abriu o show dos cuiabanos, fui no my space e me apaixonei. As letras eram fofas, a voz era fofa e os arranjos um primor, uma simplicidade doce para os ouvidos. Depois disso veio o Lúcio Ribeiro, a Globo, a Folha e todo o resto.

Mallu não é uma grande cantora, não é uma grande instrumentista e também não é uma letrista genial. Mallu é contida e limitada. Não que isso seja um problema. Sua música está em níveis bem mais altos que a média do pop brasileiro.

O problema é que Mallu começa a me irritar. Meu primeiro desapontamento aconteceu em sua entrevista para o UOL. Antes, achava super fofo quando ela dava respostas monosilábicas. Parecia uma timidez inocente. Agora não mais. A entrevistadora pergunta sobre o que a garota está achando de toda a confusão e fama surgida nos últimos meses. Ela responde: “Legal...”. A entrevistadora tenta:

- Só isso?

- É, só isso.

Podem me dizer que ela não está preparada para a fama ou que ela é uma garota tímida. Porém, pergunto-me se talvez Mallu não seja apenas uma garotinha chata que mora no Morumbi. Ao contrário de Osment que parecia 30 anos mais velho, Mallu parece ter 5 anos a menos. Quem acompanha a série de entrevistas concedidas pela cantora também deve perceber que ela sempre repete frases feitas. Não é culpa só dos entrevistados que geralmente fazem as mesmas perguntas. Mallu sempre arranja um jeito de falar das mesmas coisas, o mesmo blá, blá, blá, do Bob Dylan e os nomes dos seus instrumentos. Ok, posso estar exigindo demais de uma adolescente, mas tenho o direito de ficar irritado. Atualmente prefiro ouvir Mallu a vê-la.

O engraçado é que rola uma teoria da conspiração sobre a fama meteórica da cantora. Alguns dizem que tudo foi e é milimetricamente planejado por um empresário que quer ganhar uma grana com a fama da garota. Claro que não sou ingênuo em acreditar que aquelas músicas com ótima qualidade disponíveis no My Space tenham sido fruto apenas de um presente do pai e que tudo rolou de forma descompromissada. Também não acredito que parte da imprensa tenha pautado a cantora por geração espontânea. Alguns pauzinhos foram devidamente mexidos. Mas quem apostaria ganhar grana em cima de uma garota que fala com uma criança de 9 anos, canta folk em inglês e é totalmente o inverso das cantores populares brasileiras? Mallu nunca vai tocar em rádios populares, nunca vai fazer um show solo para mais de 10 mil pessoas e não vai fazer fotos para a Playboy quando completar 18 anos.

Mallu ainda é minha cantora com menos de 20 anos preferida e continuo achando ela a coisa mais fofa no pop brasileiro depois da Fernanda Takai. Talvez eu esteja apenas com uma birra com a garota. Talvez Mallu não seja tão irritante. Talvez eu que seja um grande ranzinza.

1 comentários:

m. disse...

descobri seu blog por acaso e adorei. sobre a mallu, concordo plenamente com vc. ela não está sozinha nessa e está sendo mto bem "amparada", pra não dizer assessorada mesmo.

vi a entrevista pro jô e tb fiquei meio irritada. acabou e eu me perguntei: "mas é só isso?". e o mérito da minha raiva não era só do jô soares (que eu detesto, pra falar a verdade), e sim dela e das suas respostas vazias e milimetradas.

mas é isso q vc disse: ela é fofa, as músicas dela são lindas e viciantes e é bem melhor ouvir sua voz do que vê-la falando da vida.

vou passar sempre por aqui, continue com o blog! =)

beijos
=***

mari.